Entenda a diferença entre os tipos de benefícios da empresa e as vantagens de se oferecer benefícios flexíveis de forma estratégica
“Tem vale-refeição?”. Difícil encontrar uma pessoa que atue na área de RH e que nunca tenha ouvido uma pergunta desse tipo de quem se candidatou a uma vaga de trabalho. Por trás disso, há uma importante conversa sobre benefícios da empresa, que podem ser flexíveis ou obrigatórios.
Por lei, toda organização que contrata pessoas com carteira assinada precisa oferecer determinados benefícios corporativos. Com o objetivo de ir além e aumentar suas chances de atrair e reter talentos, por exemplo, cada organização pode escolher benefícios adicionais também.
Quais são os benefícios obrigatórios previstos por lei?
Antes de qualquer coisa, é fundamental conhecer os benefícios da empresa que são obrigatórios, determinados pela CLT como direito de toda pessoa contratada com carteira assinada no país. Entre eles, destacamos:
Registro em Carteira Trabalho ― medida obrigatória até mesmo na contratação de trabalhadores temporários ou em período de teste como forma de assegurar o acesso a direitos futuros;
Recebimento de salário ― cujo valor não pode ser inferior ao salário-mínimo definido pelo Governo Federal ou ao piso da categoria, segundo o acordo firmado com o sindicato laboral;
Descanso Semanal Remunerado ― direito irrenunciável de todo trabalhador, com previsão na CLT e na Constituição Federal, a favor de um período de 24h consecutivas de descanso;
Férias e 1/3 das férias ― outro direito previsto na CLT e na Constituição com o objetivo de garantir a quem completa um ano de contrato o devido descanso;
Abono salarial ― direito de cada profissional em “vender” à empresa até 1/3 do seu período de férias;
FGTS e INSS ― benefícios que garantem amparo aos trabalhadores, sendo o primeiro de cunho financeiro e o segundo essencial para o acesso a benefícios previdenciários;
Vale-transporte ― benefício corporativo obrigatório, exceto nos casos em que o colaborador manifesta não haver necessidade de recebê-lo;
Aviso-prévio ― direito que se traduz na comunicação escrita do encerramento de um contrato de trabalho sem justa causa;
Seguro-desemprego ― benefício financeiro destinado a pessoas demitidas sem justa causa.
Entenda que estes são considerados os benefícios corporativos fundamentais para assegurar que as pessoas que trabalham na empresa tenham seus direitos respeitados e encontrem um ambiente de trabalho sadio.
É por isso que são compulsórios a todas as organizações e, consequentemente, devem ser conhecidos pelos seus RHs.
Qual a diferença entre benefícios obrigatórios e benefícios flexíveis?
Entre os benefícios da empresa que são obrigatórios ou flexíveis, o segundo grupo diz respeito àqueles que o empregador não é obrigado a oferecer, mas pode fazê-lo. Contudo, é preciso que nos aprofundamos um pouco mais para entender a questão da flexibilidade.
Tenha em mente que uma organização pode escolher entre diversas categorias de benefícios para atrair e engajar seus colaboradores, cuidar do seu bem-estar e evitar que estejam facilmente dispostos a trocar de emprego.
Hoje, o oferecimento desses benefícios já é buscado por pelo menos52% das empresas que visam aumentar o nível de engajamento de seus colaboradores.
O vale-refeição, mencionado lá no início do post, é uma das opções populares, mas está longe de ser a única. É possível pensar em alimentação, educação, mobilidade, lazer e outras questões para definir a oferta de um conjunto de benefícios que seja atrativo.
Para obter resultados melhores, a empresa pode permitir que cada pessoa escolha como usufruirdos benefícios oferecidos. É aí que entra a flexibilidade e o contexto dos benefícios flexíveis.
Quando isso ocorre, a empresa destina valores específicos para as categorias de benefícios que compreender como importante.
A partir disso, enquanto um profissional pode se interessar mais por usar seu saldo disponível para mobilidade, e pagar seus custos com gasolina, outro pode preferir aproveitar mais os benefícios de cultura.
Quem pode oferecer benefícios flexíveis?
Todas as empresas podem oferecer benefícios flexíveis, independentemente do seu porte e das atividades exercidas. Contudo, é preciso ter atenção a algumas questões:
A oferta de benefícios flexíveis não pode comprometer a oferta de benefícios obrigatórios;
A empresa precisa ser capaz de oferecer uma política igualitária de benefícios para as pessoas que compõem seus quadros, sem distinção.
Em relação a isso, é válido mencionar o artigo 461 da CLT, cujo texto diz o seguinte:
“Sendo idêntica à função, a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.
§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste capítulo, será o que for feito com igual produtividade e com a mesma perfeição técnica entre pessoas cuja diferença de tempo de serviço não for superior a dois anos”.
Embora não seja uma orientação direta em relação aos benefícios da empresa, serve de direcionamento para que se mantenha uma política justa que não prejudique ninguém e/ou que ofereça as mesmas vantagens para todos os colaboradores, de forma igualitária.
Quais são os principais benefícios flexíveis da empresa?
Nesta conversa sobre benefícios, já apontamos alguns entre os principais benefícios que toda empresa é obrigada a oferecer. Agora, vamos a exemplos populares daqueles que podem ser incluídos na política da organização, acompanhe!
Vale combustível ou mobilidade
Como você bem sabe, nem todas as pessoas utilizam o transporte público para ir e voltar do trabalho. Nesses casos, o que ocorre é a suspensão do vale-transporte, uma vez que se torna desnecessário.
Entretanto, a organização pode oferecer uma “contrapartida” bastante útil, como um vale combustível para que as pessoas abasteçam os veículos que usam no deslocamento para o trabalho.
Ainda, existe a possibilidade de deixar o benefício mais abrangente, focando na mobilidade como um todo e disponibilizando um saldo para o uso de aplicativos de transporte e compra de passagens também.
Auxílio home office
Agora, considerando que diversas empresas optaram por manter o home office ou um regime híbrido, outro benefício flexível interessante é o que contribui para a criação e manutenção do escritório em casa.
O objetivo é dar uma assistência financeira para que os profissionais que atuem de suas casas tenham um ambiente propício para sua produtividade, saúde e bem-estar. Algo que se traduz na possibilidade de usar o benefício para custear internet, comprar aparatos tecnológicos, cadeiras ergonômicas e outros.
A ideia também se aplica quando levamos esse apoio financeiro para o pagamento de mensalidades em espaços de coworking e semelhantes.
Educação corporativa
Bons profissionais, que são justamente aqueles que toda empresa deseja manter em seus quadros, tendem a se interessar por seu próprio desenvolvimento. A oferta de benefícios com foco em educação oportuniza a conquista de novas habilidades e ascensão profissional.
Assim, falamos de uma opção que se traduz no custeio integral ou parcial de cursos de idiomas, técnicos ou de faculdade que acaba por dar à empresa profissionais mais qualificados para exercer suas funções com excelência.
Um verdadeiro ganha-ganha que pode ir além, a depender das possibilidades da organização. Parceiras que garantem descontos em creches e escolas primárias também podem funcionar bem, sendo um suporte para a família dos colaboradores.
Auxílio atividade física e bem-estar
Outro dentre os benefícios da empresa não obrigatórios que se tornou bastante popular é o relacionado à prática de atividades físicas e o cuidado com a saúde do corpo e da mente dos colaboradores.
Vale saber que, entre as pessoas entrevistadas para a pesquisa Saúde e Trabalho, do Sesi, 94% concordam que profissionais com a saúde física e mental em dia são mais produtivos no trabalho.
Sendo assim, oferecer assinaturas diárias ou mensais que deem acesso a academias ou outros centros de atividade, considerando horários e modalidades diversos é um bom caminho para a política de benefícios flexíveis.
Outra ideia é permitir que o benefício seja usado para práticas alternativas e focadas na saúde mental, considerando por exemplo, que meditação e psicologia positiva também trazem benefícios para o mundo corporativo.
Vale-cultura
Entre os benefícios obrigatórios x benefícios flexíveis, o direito ao descanso sempre merece atenção. O vale-cultura é uma forma de incentivar as pessoas a desfrutarem de seu tempo livre de forma leve e enriquecedora.
Por meio desse benefício mensal, os colaboradores podem ter acesso a diferentes eventos culturais ― como cinemas, teatros, apresentação de danças e museus ―, além de um apoio para a compra de livros.
Além de um auxílio para a saúde mental e a criatividade das pessoas, esse benefício é atrativo para as empresas porque não sofre a incidência de encargos trabalhistas e sociais.
Cartões de benefícios flexíveis
O cartão, em si, não é um benefício flexível, mas a forma mais prática e proveitosa de oferecer aos colaboradores o acesso aos benefícios disponibilizados.
No contexto de benefícios obrigatórios x benefícios flexíveis, seu RH pode precisar lidar com diversos vales, vouchers e cartões diferentes, aumentando a burocracia dos processos de gestão. Algo que também não favorece o bom aproveitamento dos benefícios por parte dos colaboradores.
Assim, o mais interessante é buscar um cartão único que centralize o saldo de todos os benefícios ofertados e que conte, também, com uma plataforma única de gestão para que ambas as partes ― empresas e trabalhadores ― vivam o melhor desse cenário.
Quais as vantagens de implementar benefícios flexíveis?
Preste atenção para este número: 97% dos profissionais consideram os benefícios da empresa importantes para aceitar ou não uma proposta de emprego. Percebe o peso que ir além dos benefícios obrigatórios tem?
Falamos de algo importante tanto para quem está no mercado quanto para quem está em busca de uma nova oportunidade (93%). Ou seja, até quem pode estar em uma situação de urgência por recolocação analisa a política de benefícios da organização.
Com base nisso, vamos algumas vantagens relevantes no contexto dos benefícios obrigatórios x benefícios flexíveis para entender o que a empresa ganha ao apostar, também, nessa forma mais moderna de agregar valor à vida dos seus colaboradores.
Facilidade para elevar os níveis de satisfação
Toda empresa quer ou deveria querer colaboradores satisfeitos. Pessoas felizes com seu emprego não pensam facilmente em sair. Elas contribuem para um clima organizacional positivo, tendem a se relacionar melhor com colegas e a se engajar mais com seu trabalho e metas.
Vários fatores contribuem para elevar os níveis de satisfação, sendo um o cuidado com a valorização e o bem-estar das pessoas. Algo que é mais fácil alcançar com a oferta de benefícios flexíveis, uma vez que torna-se mais fácil atender a múltiplas demandas e interesses.
Em outras palavras, ao optar por essa política de benefícios, a organização corre menos risco de focar na oferta de um benefício que agrada a um grupo em detrimento dos demais. Diferente disso, todos têm a chance de se sentirem contemplados.
Impacto positivo no engajamento dos colaboradores
O engajamento está atrelado à satisfação, mas ainda vale mencioná-lo como um ponto à parte e já explicamos o porquê. Lembra-se de que a busca por mais engajamento é fator decisivo para as empresas que decidem oferecer benefícios flexíveis?
Pois bem, 71% das organizações atestaram que a iniciativa realmente melhorou os níveis de engajamento de seus colaboradores. Isso contribuiu, também, para que 80% percebessem aumento no nível de retenção de talentos.
Sucesso na atração e retenção de talentos
Pegando o gancho do que foi pontuado, profissionais satisfeitos contribuem para a redução da taxa de turnover. Algo que evita quebras no fluxo de trabalho e de entregas e reduz o tempo e o dinheiro gasto com processos seletivos e de onboarding.
Ainda, a propaganda “boca a boca” segue muito importante para o sucesso de qualquer marca, inclusive da marca empregadora da sua organização. A oferta de benefícios da empresa que sejam flexíveis contribui para que os colaboradores falem coisas positivas sobre a empresa de forma espontânea; seja em uma conversa cara a cara ou em suas redes sociais.
Isso melhora a percepção da marca e atrai o interesse de talentos do mercado que estejam em busca de uma nova oportunidade ou desafio. O sonho de todo RH, não é mesmo? Aliás, cabe considerar também que a oferta de benefícios flexíveis é um diferencial competitivo.
Como implementar os benefícios flexíveis na sua empresa?
Entre a oferta de benefícios obrigatórios e benefícios flexíveis, o que sua organização precisa é entender como gerenciar tudo isso para cumprir bem o que é determinação legal e implementar uma política mais flexível também. Vamos ao passo a passo!
Conheça o perfil dos colaboradores
Não faz sentido implementar benefícios flexíveis apenas para dizer que esse diferencial existe. A nova política só dará certo se a empresa alinhar essa proposta ao perfil e interesses de seus colaboradores.
Para tanto, é válido recorrer a ferramentas de pesquisa interna para ouvir das pessoas que serão beneficiadas quais benefícios corporativos realmente as interessam. Assim, será possível definir categorias que realmente gerem satisfação e garantam à organização todo o retorno positivo esperado.
É aqui que o RH entra em cena para entender o que já agrada. Dessa forma, é possível melhorar e colher outras sugestões que possam orientar o desenho de uma política mais adequada.
Esse processo também permite desenhar uma estratégia mais adequada, definindo melhor a destinação dos recursos que farão parte do orçamento de benefícios flexíveis da empresa.
Considere o perfil da organização
Também é importante levar em conta o perfil da própria empresa, seus valores e objetivos.
Por exemplo, se a organização tem por objetivo contribuir para a presença e ascensão de mulheres no mercado de trabalho, deve considerar benefícios educacionais que garantam descontos em creches e escolas primárias.
Entenda que os benefícios que sua empresa escolher para desenhar a nova política serão um reflexo da sua própria cultura organizacional.
Entre outras coisas, isso servirá de indicativo para que talentos que se interessem pela organização analisem sua compatibilidade e chances de um futuro promissor. Isso reduz as chances de contratações desalinhadas e que elevem o turnover.
Estude a viabilidade financeira
Isso já foi dito antes, mas é sempre bom lembrar: entre benefícios obrigatórios ou benefícios flexíveis, a empresa precisa ― de forma imperativa e por força legal ― oferecer os primeiros antes de pensar em ir além.
Em outras palavras, é importante analisar o orçamento da empresa para o médio e longo prazo. Isso garante que a oferta de benefícios flexíveis não afete a saúde financeira da organização e precise ser desfeita em pouco tempo.
Pesquise sobre outras políticas de benefícios flexíveis
Para o processo de implementação, é bastante útil fazer uma análise de concorrência. Assim você pode descobrir o que outras empresas definiram para a sua política de benefícios flexíveis.
A ideia não é simplesmente copiar; longe disso! Mas entender as práticas da concorrência de modo a tentar criar uma política que seja tão ou mais atraente. Do contrário, pode ser que a ideia de contar com os benefícios flexíveis como diferencial na hora de atrair e reter talentos não funcione também.
Defina e apresente sua política de benefícios
De posse das informações que a empresa precisa, o passo seguinte é desenhar a política própria de benefícios flexíveis considerando o que oferecer, quais as regras e limites que devem ser apresentados aos colaboradores.
Parte desse processo também engloba:
definir o caminho para otimizar a gestão de oferta de benefícios flexíveis;
comunicar a novidade ao pessoal da empresa.
Com tudo certo, o passo seguinte é comunicar a nova política de benefícios flexíveis. Isso permite que os colaboradores a conheçam bem, consigam tirar bom proveito e valorizem essa iniciativa da organização.
Monitore resultados e colha feedbacks
Por fim, lembre-se de que as pessoas mudam e suas necessidades e interesses também. Sendo assim, é importante adotar ferramentas para mensurar o sucesso da política de benefícios flexíveis e colher feedbacks.
Isso permitirá que a empresa promova os ajustes necessários ao longo do tempo para manter a oferta desses benefícios relevantes. Dessa forma, é possível agregar valor à vida de seus colaboradores e colher as vantagens esperadas.
Quais os benefícios da empresa previstos em lei?
Os benefícios flexíveis da empresa não têm previsão legal e, por isso, a empresa pode decidir por oferecê-los ou não e como oferecê-los. Por sua vez, os benefícios previstos em lei englobam os que já mencionamos anteriormente e outros como:
Licença maternidade ― direito reservado a todas as pessoas que se tornam mães, inclusive por adoção, ou tutoras de pessoas menores de idade, garantindo 120 de licença remunerada;
Licença paternidade ― direito reservado a todas as pessoas que se tornam pais, inclusive por adoção ou designação legal, com período mínimo de cinco dias de afastamento remunerado;
Jornada de trabalho e horas extras ― benefício relativo à duração máxima da jornada diária e semanal estabelecida pela CLT, bem como do pagamento adicional pela jornada extraordinária eventualmente realizada;
Vale-refeição ou vale-alimentação ― caso haja previsão de obrigatoriedade definida em Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho.
Para encerrar…
Em qualquer conversa sobre benefícios obrigatórios e benefícios flexíveis, existem dois pontos que precisam estar claros para as empresas e seus RHs: é fundamental oferecer o que a lei determina para respeitar o direito dos trabalhadores e a oferta de benefícios flexíveis é um diferencial competitivo poderoso.
Contudo, como vimos, para que a organização entregue bem as duas coisas, favoreça o bem-estar de seus colaboradores e tenha as vantagens que espera, é preciso estudar bem o processo de implementação da nova política de benefícios e se aprofundar em estratégias complementares também.
Fonte: RH portal
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