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E agora, RH? Quando a rotina não deixa o colaborador cuidar da saúde

  • Foto do escritor: DBS Partner
    DBS Partner
  • 18 de nov.
  • 3 min de leitura
cuidar da saúde

 

Conciliar as demandas profissionais com o cuidado da saúde física e mental é um desafio para boa parte dos trabalhadores brasileiros. Entre jornadas longas, estudos, múltiplos empregos ou responsabilidades familiares, sobra pouco tempo para o autocuidado. Não raro, o dia começa antes do amanhecer e termina já à noite, com grande parte dele gasto em deslocamentos, reuniões e tarefas que não deixam espaço para pausas restauradoras. Nesse contexto, empresas que investem em bem-estar deixam de oferecer apenas um benefício: passam a adotar uma estratégia para preservar produtividade e engajamento.

 

“Movimentar o corpo por poucos minutos ao longo do expediente já é um começo”, afirma Adrielen Smidt, gerente de Recursos Humanos da Plena Saúde. Para ela, ações simples como a ginástica laboral ou pequenos alongamentos feitos entre uma atividade e outra ajudam na circulação, combatem o sedentarismo e até favorecem a concentração.

 

A importância do tema também se reflete nos números. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a depressão e a ansiedade são responsáveis pela perda de 12 bilhões de dias de trabalho por ano no mundo, com prejuízos que chegam a US$ 1 trilhão. No Brasil, 67% dos trabalhadores afirmam sofrer efeitos negativos do estresse profissional — um índice acima da média global de 65%.

 

Quando até um alongamento parece impossível

Em rotinas desgastantes, até pausas curtas se tornam difíceis de encaixar. Adrielen lembra que, nessas situações, vale priorizar práticas rápidas, mas de impacto real: “Uma pausa de dois minutos para respiração consciente, por exemplo, ajuda a reduzir o cortisol, hormônio do estresse, e melhora a clareza mental. Em três minutos, um simples alongamento em pé ou sentado já pode fazer a diferença.”

 

O descanso noturno, acrescenta ela, é outro pilar muitas vezes negligenciado. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde mostram que 35,1% dos brasileiros apresentam dificuldades para dormir e 8,5% utilizam medicamentos para isso. Já levantamentos da Fiocruz apontam que 72% da população enfrenta algum tipo de distúrbio do sono.

 

De políticas no papel a iniciativas reais de saúde

“O sono e a alimentação ainda são subestimados”, ressalta Adrielen. “Mais do que falar sobre esses temas, é necessário criar ambientes propícios ao autocuidado.” Isso pode significar desde pausas incentivadas pelos líderes até espaços silenciosos para descanso.

 

Na Plena Saúde, algumas práticas já fazem parte da rotina. A empresa mantém parcerias com eventos de corrida nos bairros, oferecendo inscrições gratuitas para os colaboradores, e promove a “sexta saudável”, distribuindo frutas no escritório como forma de incentivar uma alimentação mais equilibrada.

 

Para a gerente, o retorno é visível: “Quando a organização valoriza o descanso, ela reduz afastamentos, evita erros operacionais e retém talentos. Promover o bem-estar é também uma decisão de gestão inteligente.”

 

O cuidado que não pode virar cobrança

Mesmo com a popularização dos programas de saúde corporativa, ainda há armadilhas na implementação. Uma das mais comuns é transformar o bem-estar em uma lista de obrigações pessoais, algo que, segundo Adrielen, pode ter efeito contrário ao desejado.

 

“Mensagens do tipo ‘você precisa meditar, se exercitar, comer bem…’ soam como cobrança e não como incentivo. O bem-estar deve ser um convite, não uma pressão”, alerta. Ela defende que a empresa respeite as diferentes realidades de seus funcionários para evitar que a saúde vire mais uma fonte de incômodo.

 

Segundo Jéssica Palin Martins, psicóloga especializada em comportamento organizacional, com mais de 15 anos de atuação em cultura corporativa e saúde mental, e fundadora da IntegraMente, uma estratégia de envolvimento está no mapeamento emocional, que estimula uma cultura de acompanhamento para que as organizações possam ser assertivas na tomada de decisões sobre ações de qualidade de vida – não deixando, também, para que medidas só sejam tomadas quando o bem-estar do colaborador já estiver impactado de forma muito negativa.

 

A psicóloga acrescenta, ainda, a importância dos ambientes serem mais acolhedores e parceiros de conscientização. “Acolhimento emocional não é um gesto simbólico, é um indicador de performance”, afirma. “Empresas que não entendem isso estão fadadas a perder os melhores profissionais para concorrentes que souberam se adaptar mais rápido", acrescenta.

 

O efeito coletivo do bem-estar

Os benefícios vão além do indivíduo. A OMS calcula que metade das perdas econômicas ligadas a problemas de saúde mental no trabalho tem origem na queda de produtividade, e não apenas no absenteísmo. Já estudos internacionais apontam que programas consistentes de apoio psicológico e de bem-estar podem reduzir em até 50% a rotatividade de funcionários.

 

Para Adrielen, a resposta está no equilíbrio: “As empresas devem se envolver, sim, mas de forma respeitosa. Criar um ambiente que apoie o autocuidado é mais eficaz do que impor um estilo de vida idealizado que nem todos conseguem seguir.”

 

 

Fonte: RH pra você

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